segunda-feira, agosto 25, 2003

Por que as coisas acabam?

A pergunta é infantil, eu sei. Por isso, deve ser uma boa pergunta. Eu, ao menos, nunca consegui responder isso a contento. Já rompi com muitas pessoas, já deixei de ver amigos de infância, turmas inteiras do colégio,do ginásio, da faculdade, namoradas que não viraram amigas e de quem eu pouco ou nada sei - pessoas que tveram relevãncia e hoje significam uma memória.

Já ouvi falar que nós nos metemos em determinadas situações com determinadas pessoas porque precisamos disso para crescer. Sou meio contra essa visão utilitarista, mas o fato é que ela parece ser algo verdadeira. OU não sabemos o que fazer com certos constrangimentos que a vida nos faz passar e definimos que é mais fácil "matar" aquela pessoa do que tentar renovar a relação, mesmo que isso signifique partir do amor para a amizade ou da amizade para um nivel acima de intimidade e compreensão das necessidades do outro.

Só pra citar outra visão infantil (maturidade e frieza são coisas que andam de mãos dadas, daia dificuldade que muitos têm de se entregar e brincar com crianças, como as crianças), lembro-me de Fernão Capelo Gaivota, que pegava caronas em aves e afins para visitar alguém que aniversariava, e os bichos sempre o inqueriam sobre termos como "longe" (se vc gosta de alguém, você já está do lado desta pessoa), entre outros. Me pergunto se deixarei de querer bem um amigo que o tempo cuidou de levar pra longe, ou mesmo que desentendimentos tenham resultado no afastamento.

O que significam nossas relações? E quando elas se quebram, o que fazemos com tal significado? Um significado necessita de um significante (algo que signifique). OU não mais precisamos daquele significado, e não faz sentido mantermos em nossa mente alguém que significa algo que não queremos na nossa vida - este raciocínio estaria perfeito, se não fosse tão determinista... afinal, impede alguém que significa algo de poder mudar.

segunda-feira, agosto 18, 2003

Ferida

Inicio e fim abruptos tornaram as coisas momentaneamente melancólicas.

Olhar a indiferença traz dor; se ver na indiferença causa repulsa.

Trago comigo uma mochila de atitudes inconseqüentes. Para algumas delas digo "Graças". Para outras, não digo nada, a fim de não ouvir o que penso.

quinta-feira, agosto 14, 2003

pureza fraca

Uma olhada em e-mails de outras épocas me deixaram um tanto quanto pensaroso, e talvez outro tanto nostálgico. As idéias fluiam mais e melhor. Talvez porque o meio, e-mail, fosse mais novo e enchesse menos a paciência. Talvez porque tivéssemos mais tempo, e mais paciência. Talvez tivéssemos mais ânimo e sede. Talvez precisássemos mais.

Temo um mundo onde não haja a diferença. A diferença é o que faz algo acontecer. Qualquer diferença, não importa qual, provoca alguma mudança. Engraçado falar isso diante de tanta desigualdade no mundo, mas percebam que dentro de cada grupo as pessoas ftendem a se proteger da dor pela busca de iguais. Estamos homogêneos demais. Um pensamento bobo, mas eficaz: "se eu achar alguém mais ou menos do meu jeito, isso prova que meu jeito tem respaldo na realidade, é um jeito viável, válido de ser - eu existo..."

Me pergunto quanto tempo perdemos com esse raciocínio (me perdoem a generalização, mas isso fortalece meus argumentos...), e quanto deixamos talvez de crescer pela diferença, nos aconchegando nos espelhos.

Uma pureza fraca, cada vez mais etérea, envolve minhas memórias, recentes e distantes. Fecho os olhos como se fosse personagem de uma propaganda de 15 segundos, 15 segundos desesperados buscando transmitir um significado eterno, mesmo que vazio, a tudo o que se mova. Abro os olhos e lá está minha vida sendo ela mesma de novo, só andando quando eu quero.

segunda-feira, agosto 04, 2003

Quebra

As coisas têm significados. Elas representam algo que corresponde a imagens e/ou sentimentos e/ou sensações nas mentes dos indivíduos. Quando um algo, pleno de significado, se quebra, isso gera um vazio. A necessidade de representação externa do significado permanece. O Mercado vê isso como nicho. A psicanálise vê isso como algo a ser trabalhado na mente do indivíduo. A medicina tem algumas doenças para explicar esse vazio em alguns indivíduos. A Política vê nesse vazio mais chance de poder mais poder. Os ninfomaníacos preenchem esse vazio com sexo. Os drogados, com drogas, os gordos com comida, os workaholics com work, os chocolatras, os pedófilos, os neuróticos, os masoquistas, os bailarinos, os engenheiros, os escritores, as p utas, os traficantes... somos frutos de quebras, e nossas quebras geram significados que se superpõem... normal, numa realidade onde carcaça vira adubo e buracos negros se alimentam destruíndo tudo para gerar tudo de novo.

sexta-feira, agosto 01, 2003

Ocupados? Cansados? Preguiçosos?

Caramba... Uma única colocação em um mês inteiro. Até esperei a virada do dia pra não macular essa beleza. E não me excluo de todas as considerações a seguir. Gostaram de "colocação" como tradução de "post"?
Estaremos assim tão ocupados que não achamos mais aquele minutinho pra compartilhar inquitações, como dito aí na apresentação? Será que a hipnótica dança do mundo ao qual temos de sobreviver ilude nossos olhos antes tão atentos a tantas mazelas (nossa, que bela aliteração, ninguém usa que é minha :Þ) do mundo que queríamos mudar? É preciso sair de férias de vez em quando, mesmo que isso custe um Natal mais miguelado, um tempo a mais com o carro velho, algumas baladas a menos com amigos queridos, o risco de aparecer alguém melhor para a posição na empresa, de ter uma boa idéia e estar longe do computador, a canseira da viagem de volta...
Talvez, por outro lado, estejamos cansados de tanto tentar (de novo t-t-t-t... mas essa é batida, dá pra procurar no google e achar um monte de letras de música) alertar-nos uns aos outros e de ficarmos antenados o tempo todo, para depois o assunto morrer e ninguém ter feito nada que mude significativamente a situação. É preciso sonhar, planejar e ter a coragem de correr riscos, talvez desnecessários aos olhos de quem apenas vê, mas urgentes para o brioco que coça desconfortavelmente entre as nádegas amortecidas de tanto sentar (t-t-t-t...) em cadeiras que perpetuam o estado das coisas, sobre rodinhas de plástico em pisos que imitam madeiras nobres.
Ou foi a preguiça que se apoderou de nós? Sim, a preguiça é que nos tem e não nós a ela... Nós, premiados com mentes livres para exercer o poder da vontade e da criatividade, mas livres também para se satisfazer com o básico imediato. Nós, agraciados com corpos capazes de construir e de comunicar, mas também facilmente sedutíveis pelo acolchoado no sofá, pela substância mais louca, pelo carinho mais intenso ainda que desprovido de verdadeiro afeto. Preguiçosos nós atados a falsas necessidades e prazeres superficiais (mudou!! s-s-s-s-s...).
Caramba...