sexta-feira, novembro 14, 2003

Mas é bem isso, Dema... viajar, viajou, mas é isso mesmo.
Se a gente se prende ao sentido das palavras que lê, acaba acrescentando muito mais da gente mesmo do que captando o que quem escreveu quis dizer. Num blog que leio, tem uma citação de Proust: "Todo leitor é, quando lê, o leitor de si mesmo".
Acho que o melhor jeito de ler aquilo que não é unicamente transmissão de conhecimento, aquilo que é pra ser sentimento ou imagem, é dessa forma - despindo-se das próprias crenças e deixando o conjunto da leitura causar a reação ou identificação que tiver de causar. Sem procurar. Apenas refletir a luz que vem externa, deixando a essência da gente, aquilo que a gente é, espontânea e autenticamente, realçar algum aspecto, absorver outro, abafar um terceiro.
Novas crenças terão chance de se formar nesse processo, desde que não se coloque as antigas como uma barreira, um filtro. Elas já fizeram o papel delas moldando o que hoje é a expressão mais autêntica da gente, não precisam sempre ser reafirmadas racionalmente, sob o risco de se petrificar e de se eternizar aquilo que foi infinito num instante.
Tamos falando de amor, da vida, do que, de tudo isso!

At 13:39 13/11/2003, Dema wrote:
ou não .Não sei porque, mesmo não tendo entendido bem , sinto que tem muito a ver comigo. Isto me ajudou a comprender que muitas vezes o que nos pega não é o sentido lógico e racional das palavras que lemos ou ouvimos. É a forma , a primeira impressão , um conjunto de coisas que nos causa uma reação ou identificação , mesmo sem sabermos porque.
Como cada vez mais , jogo fora as teses e as crenças que fui juntando pela vida, e sinto que não podem justificar ou explicar o que penso ou faço hoje, sinto que o que mais nos puxa a atenção , ou comove, ou sei lá, nos faz parar para pensar, é a idéia diferente que vem misturada com palavras, momentos, sentimentos, formas. Naquela hora tem sentido em outra nunca.
Caminhando ao lado de tudo isso , tem o político e o social, não programa de Pt, mas aquilo que vimos e vivemos e passamos a acreditar durante nossa vida, a partir dos exemplos do nosso vizinho, da empregada doméstica, do patrão,da escola, do trabalho, da rua, do gremio, do futebol, da namorada, e do jornal e do livro.
tamos falando de amor ,de vida ,do quê ?

quarta-feira, novembro 12, 2003

A entrega e a dúvida

Não vou falar de quando alguém escolhe dividir suas energias entre duas opções não mutuamente exclusivas, como ter dois empregos, dois filhos ou dois hobbies - ou todos eles ao mesmo tempo.
Também não vou me referir a possibilidades passadas, com efeitos extintos, como a dúvida sobre o amor de uma pessoa que não faz mais parte da vida presente. Nem, muito menos, tratar de hipóteses que já não se verificaram, o velho e perigoso "e se tivesse...".

Quero apenas divagar sobre quando há duas possibilidades para o mesmo fato ou evento, e elas determinam formas diferentes de agir, reagir, sentir e pensar. Nesse caso, qualquer que seja a escolha, não há como se entregar integralmente a ela. Sempre haverá espeço reservado para a dúvida, por menor e mais controlado que seja ele.

E quero colocar em questão a situação em que alguém sabe a verdade sobre este fato ou evento e se nega a revelá-la. Mais especificamente, ainda, quando cobra, de quem não sabe, uma decisão.

E ainda há nuances possíveis. O alguém que sabe pode sugerir que não sabe, ou mesmo mentir e dizer que não sabe. Ou pode dizer que sabe - ou não ter como esconder - mas recusar-se claramente a dizer o que sabe.

Ou esse alguém não tem a confiaça do outro. Ou pode a ter tido e a ter posto em dúvida tendo afirmado ora uma, ora outra possibilidade e, então, de novo a primeira... e depois jura que está falando a verdade agora, que mentiu antes. Apenas a prova material e concreta poderá restaurar a confiança. Não bastam circunstâncias, evidências ou juras. Ou não?