terça-feira, dezembro 28, 2004

Feliz? Ano? Novo?

30000 mortos. Não, 60000 mortos. Até agora.

Meu desejo é que em 2005 tenhamos mais tecnologia. Que seja boa, barata e compreensível ao ponto de qualquer um usar. Desejo que essa tecnologia seja entregue a cada cidadão do mundo junto com seus RGs, CPFs e similares, e que qualquer pessoa no mundo possa e queira, a um clique, de onde quer que ele esteja, disparar um alarme. Desejo que um Australiano ou um Americano que tenha ciência de qualquer espécie de catástrofe iminente, simplesmente possa e queira disparar um spam urgente "a quem possa interesssar", informando o que está por ocorrer. Desejo que as operadoras de celular, telefonia, internet, satélite, sinal de fumaça ou o que quer que seja, que elas assumam um compromisso com o humano, e tornem a divulgação de notícias importantes tão fácil quanto baixar um papel de parede do filme "os incríveis", ou um "hit" idiota qualquer, no meu celular, ou no meu comunicador intergaláctico. Desejo que a venda de felicidade em forma de bugigangas e moda, que é feita à classe média cotidianamente, tenha menos força que a propagação das informações que realmente podem salvar uma ou 60000 vidas. Desejo que todas as centrais de atendimento do mundo voltem no tempo e liguem para todos os governos do mundo, informando que estão chegando os OVNIS e tsunamis. Desejo que sismógrafos sejam tão populares quanto satélites, e que conheçamos mais sobre os perigos ocultos de nosso planeta do que sobre as crateras de Marte ou os Mares de metano das luas de Saturno. E que os jornalistas do mundo todo utilizem sua velocidade para evitar a dor ao invés de anunciá-la como furo de reportagem e troféu imprensa. Desejo que as bombas que chovem diariamente no que um dia foi o Iraque sejam menos utilizadas, menos fabricadas, menos vendidas, menos explosivas. Desejo que todas as armas sejam desmontadas e transformadas em lanchas estrategicamente colocadas à disposição dos moradores e turistas da Indonésia, Somália e Índia. Desejo que a Bolsa de Valores seja roubada e vendida para um desmanche, e que o Banco Mundial, a ONU e o FMI sejam invadidos por sem-terras, sem-tetos e pela maioria avassaladora de marginais que se escondem nos becos dos centros das cidades pedindo vida.

Desejo não ver o choro de desespero. Desejo não ouvir e nem sentir mais nada até que haja um bom motivo para isso.
Desejo que todo o dinheiro do mundo não compre uma flor. Desejo que o sal seja novamente moeda, e que a luz do dia não tenha preço.

Babel

PS: Quem?