sábado, junho 28, 2008

Sã Consciência?

Os anos 60 e 70 gritavam por liberdade política, liberdade de expressão, mas acima de tudo aqueles foram anos de convencimento e conscientização. Acreditavam então os jovens rebeldes que seu gesto libertário, sua provocação mais ou menos saudável e a obviedade de uma certeza só fariam bem ao mundo. Cair na real era imprescindível, deixar a máscara da tradição ir embora cedendo lugar ao novo, ao natural, ao sexual - essas eram as curas e loucuras.
Pasamos pelos 80, a "década perdida", como que uma entresafra de pensamentos: de um lado o radicalismo das décadas anteriores, de outro o período atual, liberal "global", pasteurizado em emoções.
Marcada pelos insucessos das experiências comunistas no mundo, principalmente - mas não somente - na avaliação do olhar ocidental - a nova esquerda começou a buscar outras vias para a concretização de suas visões de mundo, mais realistas, posto que o mundo das certezas foi deixando de existir após a década de 80. Fim do "certo" e do "errado", as relaçõe passam a girar em torno do que é possível e tolerável pela outra parte. Concessões para a governabilidade, e entramos na década de 90, fim de qualquer sonho e início da dura realidade: criamos leis, normas e modos de usar, pois ninguém tinha real vontade de realmente aprender e tomar consciência. Ao que parece hoje, ninguém realmente vai agir de bom grado, tudo será uma grande troca que alguém fará por algo. Assim, não fazemos caridade por bondade, mas por culpa. Não paramos de fumar por que faz mal, mas porque é proibido. Não usamos cinto pela catástrofe possível, mas por que dá multa. Idem idem para o álcool e a direção. Não dirigimos nossa vida, se é que algum dia o fizemos... deixamos nas mãos dos outros, enquanto nos ocupamos de um hedonismo liberal que virou razão de vida em si, razão em vida esvaziada, sem propósito e sem sentido, sem lenço nem documento.

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