sábado, abril 26, 2008

Como foram os seus 10 úlimos anos?

Por que escrevo? Por quem escrevo? O brioco coça em cada um por um motivo diferente. Uns condoem-se pela política, outros pela ecologia, outros ainda doem-se por que a vida neles dói demais. Existem aqueles que escrevem por precisarem simplesmente dar vazão extra à pressão diária do mundo sobre seus rins e tímpanos.

Meu tímpano não dói mais. Ouvi muitas besteiras na vida, ainda ouço, e realmente meu tímpano está calejado.
A política não me dói mais. Não adianta ninguém perder seu tempo me explicando os porquês, pois eu simplesmente não consigo não dormir durante a leitura do caderno Brasil, durante um jornal nacional, durante uma dura autocrítica do governo, durante uma nova crise ética que abala a nação. Eu durmo. Nada disso me impedirá de dormir, posto que eu enxergo e farejo a falsidade do discurso, mantenedor de cargos e salários, a quilômetros. Eu tive ilusões acerca disso, não as tenho mais. Acredito sim que instituições éticas sejam factíveis, porém duvido que sejam abundantes e, na nossa gestão, não veremos sua predominância. Os espíritas kardecistas costumam dizer que, dentro de sua crença na pluralidade dos mundos para suportar a pluralidade das existências (reencarnações), o nosso planeta está longe de ser considerado evoluído. Quem há de negar?

A ecologia não me dói mais tanto. Acredito que o homem esteja destruindo o meio ambiente e que isso deva ser consertado/evitado/reparado /alertado, mas acho realmente que estão errando a mão no discurso ecológico, como erraram no discurso do bug do milênio, e que estão realmente utilizando o argumento ecológico como ferramenta de vendas de vários produtos, assim como se vende grades, câmeras e sistemas de segurança remoto, como se vende a segurança . E depois, como li em um texto do Dal (da Agência Envolverde ) no seu blog (http://dalmarcondes.blig.ig.com.br), o mundo não precisa de salvação, ele vem se recuperando muito bem há milhões de anos... nós, a humanidade é que precisamos...
nós é quem somos o parasita que infestamos o planeta. Olhe por uma janela, e verá tudo infestado pelas nossas colméias.

Me veio a vontade promover ações que culminassem com o resgate do brioco, pelo que encontrei na leitura dos textos antigos: Alma, encontrei alma nos textos, nos meus e nos dos colegas autores, e me pergunto onde foram parar tais almas. E me respondo que foram parar onde sempre estiveram, essas almas... apenas que tais almas somos humanos e vivemos como humanos, e somos poetas manifestos apenas quando é possível, e somos unidos apenas quando o contexto e as conveniências da vida assim permitem. Oito anos e a morte sem aviso de um pai talvez tenham deixado-me menos crédulo, mas também deram-me mais humanidade, julgo eu.

2 comentários:

Babel Hajjar disse...

Ronye,

como eu disse no meu texto, sei que o problema do meio ambiente é real, e sei que a preocupação é séria. E sei que tem que ser solucionado. Porém , na nossa era pós-moderna, tudo, simplesmente tudo, é passível de ser transformado em mercadoria, da luta contra o câncer ao velório do seu ente mais querido, do caso Isabela Nardoni ao Cometa Harley. Tudo vende e tudo parece ter seu conteúdo esvaziado e substituído pela sua nova e única função, a de vender. Milhões de dólares foram gastos com o bug do milênio, certo, perfeito. Me mostre UMA ocorrência do famigerado defeito. Ou a mesma humanidade que deixa passar um Tsunami no Pacífico é tão perfeita que conseguiu sanar TODAS as ocorrências de bug do milênio? Mesmo assim, não importa mesmo pois meu ponto é outro - eu não sou de TI mas sei que o Y2K tinha um potencial destrutivo e sei que muito era verdade. Meu ponto é que eu vi consultorias e mais consultorias enrolando pessoas crédulas com possibilidades remotas. Curioso, mas nenhum aparelho da minha casa, aparelhos com processadores antigos até, tiveram problema. A Ecologia entra no mesmo barco. Sim, é verdade que é grave, eu não preciso estar no hemisfério norte pra saber disso. O Meio Ambiente é um sistema frágil que está sendo devastado violentamente pelo homem desde a revolução indutrial, e essa devastação chegou a um limite insustentável. Porém, consulte o balanço anual (ou socio-ambiental) das corporações mais poluidoras do planeta, que você verá gente sorrindo, verde, números lindos e mentira. Compare os preços de tudo o que leva a tarja "orgânico" (ou "zero" que é o antigo "Light", que é o antigo "diet") com os produtos com agrotóxicos. Ah, sim, existe uma resposta pronta pra isso, os custos da produção e produções menores encarecem os orgânicos, mas entre o custo e o preço pago há um valor real, que posiciona o preço acima do produto convencional, e um valor percebido muito elevado, causado pela demanda. Eu quero falar de poítica, de ecologia e besteiras que ouvi- mas quero critério e discernimento, discutamos como estamos fazendo agora. Abraço!

Babel Hajjar disse...

Ronye, talvez voc6e esteja perto demais do elefante pra saber que é um elefante:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2704200801.htm

Errado não é, mas o exagero é que é sempre perigoso... os caras estão até desligando o aquecimento no inverno londrino...

Pra quem não tem como entrar no uol, segue a chamada da matéria - deu na folha de São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

"Pegadas de carbono" obcecam Reino Unido

Medida permite saber quanto CO2 é usado na produção de mercadorias; onda leva até a enterros ecológicos em caixões de bambu

Consumo também é levado em consideração na hora de os britânicos, cada vez mais preocupados com o meio ambiente, fazerem compras

Alastair Grant - 19.abr.08/Associated Press

(foto de funeral com caixão de bambu)

Mulher observa caixão em exibição do que seria um "funeral ecológico", em Londres; no ano passado, 12,6 mil britânicos foram enterrados dessa maneira"