quinta-feira, junho 05, 2003

"Quando vamos parar de repensar a matriz energética e, efetivamente, criar uma nova, mais adequada aos tempos atuais?"


Respondendo ao seu texto, Maurécio, acredito que em breve - quem trabalha com isso é o Daniel - Vejam o texto abaixo, retirado da folha (uma edição de maio):

TECNOLOGIA

Composto sintetizado por pesquisadores dos EUA armazena gás para uso em células de combustível de carros
Nova liga pode deflagrar era do hidrogênio

CLAUDIO ANGELO
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

Uma nova categoria de material, produzido a baixo custo por uma reação simples de laboratório, pode ser exatamente o que a indústria estava esperando para acelerar a entrada no mercado de carros movidos a hidrogênio. Esse material, sintetizado por um grupo de químicos dos EUA, tem a capacidade de estocar grandes quantidades do gás em sua estrutura, em condições normais de temperatura e a baixa pressão.
O uso do hidrogênio em substituição ao petróleo é uma das grandes apostas para o futuro energético do planeta. A célula de combustível, uma espécie de pilha que processa hidrogênio gasoso para produzir eletricidade e água, é a esperança dos ambientalistas e de algumas empresas automobilísticas para a produção de carros "limpos". Com uma vantagem adicional: o hidrogênio (H2) é o elemento mais abundante do Universo.
Os problemas da anunciada "economia do hidrogênio" são basicamente três. Primeiro, o hidrogênio não existe livre na natureza -está combinado ao oxigênio ou a outros elementos. Depois, células de combustível são caras demais. Por fim, o hidrogênio gasoso é altamente inflamável e difícil de estocar com segurança em tanques de carro.
Em um estudo na edição de hoje da revista científica "Science" (www.sciencemag.org), uma equipe liderada por Nathaniel Rosi, da Universidade de Michigan, diz ter chegado perto de resolver o terceiro problema.
Eles criaram uma série de compostos organometálicos (com um metal, no caso zinco, associado a uma molécula orgânica) com a capacidade de estocar de 1% a 9,1% de seu peso em hidrogênio. A temperaturas altas, essa capacidade pode chegar a 17,2%. O H2 fica ligado temporariamente à estrutura e é liberado para a célula de combustível com um esquentamento leve ou com um pequeno alívio na pressão.
A meta mundial para que esse tipo de armazenagem tenha aplicação comercial é 6,5% do peso do composto em hidrogênio.
"Eu, se fosse uma companhia automobilística, estaria interessado na descoberta", disse à Folha o químico jordaniano-americano Omar Yaghi, da Universidade de Michigan, co-autor do estudo.
Yaghi diz que seu grupo trabalha há 12 anos com estruturas químicas capazes de absorver moléculas e liberá-las. Os compostos, batizados MOFs (ou estruturas organometálicas), foram desenhados sob medida pelos pesquisadores. Eles se parecem com cubos de arame, no interior dos quais moléculas de hidrogênio gasoso podem ficar armazenadas de maneira estável.
Outros compostos, como nanotubos de carbono e hidretos metálicos (ligas metálicas com hidrogênio), têm sido pesquisados para estocar o elemento. No Brasil, hidretos metálicos desenvolvidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Unicamp já têm capacidades de estocagem de 4% e 3%, respectivamente.
"O problema dos hidretos é que, além de serem pesados demais, eles requerem muita energia para liberar o hidrogênio. E nanotubos só funcionam sob alta temperatura", disse Yaghi.
O pesquisador, cujo grupo trabalha com financiamento da empresa Basf, acredita que em um a dois anos deverá atingir o nível comercial de absorção de hidrogênio a temperatura ambiente. "Temos a chave para o que faz de um material um grande armazenador de hidrogênio", afirmou.

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